Um lápis de Esperança

Dizem que o tempo cura tudo.... mas para ela o tempo só torna as coisas piores. O que acontece quando se perde tudo o que mais gostamos? Perdemo-nos também ou simplesmente fingimos que não se passa nada e tentamos continuar com a vida?

Quarta-feira, 28 de Outubro de 2009

Á Boleia

-Não percebo porquê que não lhe dizes.

-Dizer-lhe o quê e a quem? - disse o Alves

-À Ana palerma. E sabes bem do que é que eu estou a falar.

-Não sei, não.

Fogo! Se o Alves fosse mais lento andava para trás! Quando é que ele e a Ana vão admitir que gostam um do outro? Parecem uns putos a ignorarem-se.

-A sério que não sei como é ainda não vos tranquei na despensa.

-Eu não gosto da Ana.

-Ahh, agora já sabes de que é que eu estou a falar! Já te disse que mentes muito mal?!

-Eu não estou a mentir.

-Não que ideia, estás apenas a omitir certas verdades.

-Mas onde é que tu foste buscar a ideia de que eu gosto dela?

-Deixa cá pensar..... Não para de olhar para ela, estás sempre a verificar se ela está bem e não fazes mais nada do que falar nela.

-Isso é porque sou amigo dela é natural que me preocupe.

-Sim, claro e eu sou o Pai Natal.

-Pai Natal não sei, mas davas uma Mãe Natal jeitosa.

-Dá-me uma boa razão para não te bater...

-Tens que ir apanhar o autocarro para a Universidade.

-Ok, isso serve. Mas não me sonhes que eu me esqueço da conversa, vais admitir que gostas da Alves nem que tenha que te torturar para admitires.

-Desanda daqui antes que leves.

-Não serias capaz de bater numa gaja.

-É a tua sorte...

Raio do entorse, se não fosse por ele podia ir para a Universidade de carro. Não que tenha alguma coisa contra os autocarros, mas não dá jeito andar de muletas no autocarro.

-Daniela!

O que é que raio é que o Ricardo faz vestido à civil? Bem nada contra, na realidade não tenho mesmo nada contra ele fica podre de bom assim.

-Olá Gomes. O que fazes por aqui vestido assim?

-Suponho que o mesmo que tu. Vou para a Universidade.

Ah claro, ele também está em medicina.

-Ah ok. - disse eu, porque sinceramente foi a única coisa de que me lembrei.

-Queres boleia?

-Para onde?

-Para a universidade, suponho que não podes conduzir por isso se quiseres boleia...

Se eu fosse mais lerda não sei o que é faria...... Para onde é que eu queria que fosse? Para a praia? Se ele não fosse tão giro isto não acontecia!

-Ah, pois. Sim, pode ser.

-Está bem, fica aí que eu vou buscar o meu carro.

-Ok.

Ele deve ter ficado a pensar que sou uma idiota, ou então lerda. Pelo santo amor de Deus parecia a Ana a falar com o Alves. Exceptuando que eu não gosto do Ricardo. Oh meu Deus! Ele tem um Volvo! Igual ao que eu andei a implorar aos meus pais para me comprarem!

-Já te disse que tens bom gosto? - disse eu ao entrar no carro.

-Não, obrigado. Mas posso porquê?

-Gosto do teu carro. Andei a chatear os meus pais para me comprar um mas eles disserem que não.

-E disseram-te porquê?

-Sim. Como os meus irmãos não tiveram um carro novo como primeiro carro eu também não posso ter.

-Parece-me justo.

-Não disse que não era. É apenas o que faz ser a mais nova.

-Quantos irmãos é que tens?

-Quatro e tu?

-Quatro?! Só um.

-Porquê que toda a gente reage assim? Não são assim tantos.

-Devia ser uma rebaldaria autêntica em tua casa.

-Nem tu imaginas o quanto... Mais velho ou mais novo?

-Mais velho ou novo o quê?

-O teu irmão.

-Mais novo. É da tua idade. O que é que os teus pais fazem?

-São médicos. E os teus?

-O meu pai é militar e a minha mãe também é médica.

-Vivias aonde?

-No Porto e tu?

-Em Leiria. Porquê que vieste para a Academia.

-Porque o meu queria que eu fosse militar e eu queria ser médico. Então juntei o útil ao agradável. E tu?

Bem tinha sido eu a dar-lhe a deixa, mas verdadeiramente não me apetecia responder. Não quando ia a caminho da universidade, não me fazia lá muito bem pensar em desenhar quando ia ver as tripas de alguém.

-É uma longa história....

-A avaliar pelo trânsito que está acho que tens tempo.

Eu sabia que tinha tempo, não queria era pensar nisso especialmente quando não podia correr.

-Não é longa é mais complicada.

-Se não quiseres dizer estás à vontade.

Eu sabia disso mas não me ia ficar a sentir bem se não lhe contasse, afinal ele também não devia querer ser militar ao inicio.

-É parecida com a tua, mas ligeiramente mais extrema.

-Mais extrema?! - disse o Ricardo incrédulo

-Sim, eu queria ser arquitecta, mas os meus pais não acharam muita piada a ter uma artista na família e proibiram-me de ir para artes. E como eu não queria ir para a universidade concorri para a Academia.

-Porquê que te lembraste da academia? Podias ter ido para fora.

-Vi um folheto na minha escola sobre isso e como correr me faz esquecer de tudo achei que me ia fazer bem....

-Era isso que estavas a fazer quando te conheci?

-Sim, os meus pais tinham-me ligado e eu estava enervada.

-Abençoado nervosismo...

-Desculpa?!

-Se não te tivesses enervado não te tinha conhecido.

Visto desse maneira, até o entorse era um santo porque graças a ele já tinha andado ao colo do Ricardo umas 3 vezes, e as muletas estavam a proporcionar-me uma boa desculpa para estar mais tempo com ele.

-Tens razão. Foi uma "enervação" com um resultado muito  positivo.

-"Enervação"? Agrada-me a palavra.

-É, a que admitir que tem classe.

-Vais almoçar à academia?

-Não, é outra vez o santo do puré. Vou almoçar com uns colegas.

-Podias ter avisado não achas?

-não sabes ver a ementa?! Está afixada nas casernas.

-Vou ver se me lembro disso no futuro. Como é que voltas?

-Se não tiver autocarro peço boleia.

-Dá-me o teu telemóvel.

-Toma. Para que é que o queres?

-Para te dar o meu número. Se precisares de boleia telefona.

-Ah ok. Obrigada.  Mas não se mexe no telemóvel enquanto se conduz.

-estamos parados no semáforo!

-Continuas a estar ao volante.

-Pareces a minha mãe. Já está. Podes parar com o sermão.

-Não era um sermão. Se fosse já tinha adormecido.

-Se tu o dizes...

(5 minutos depois)

-Chegámos! - disse o Ricardo ao estacionar no parque da universidade.

-Obrigada pela boleia.

-Não tens de quê.

-Boa aula. Diverte-te.

-Para ti também.

-Oh sim vou-me divertir à brava. Dissecar pessoal é o meu passatempo favorito.

-Não duvido disso.

-Obrigadinha pela consideração.

-Não é preciso agradeceres.

-Daniela! - gritou alguém

-Bem parece que é para ti. A gente vê-se por aí.

-Ok.

-Preciso de falar contigo - disse a Inês, uma colega da minha turma

-Eras tu que estavas a berrar? Xiça tens uns bons pulmões!

-Que piadinha. Quem é que era o pão?

-O rapaz? É o Ricardo.

-De onde é que tu conheces uma coisa daquelas?

-De onde é que te parece?

-Academia?

-Claro! Diz lá o que é que queres?

-Eu não te quero nada, era só para saber quem é que era o deus grego.

-Pelo santo amor de deus ele tem nome, essa do deus e as restantes variações já me estão a tirar do sério.

-Pronto está bem. vamos lá para a aula antes que me mates por dizer que a tu paixão assolapada é um deus grego.

-Eu juro que se não te calas te enveneno com morfina!

-Se isso me fizer faltar ao teste de química por mim estás à vontade. 

 

publicado por MiSá às 13:57
sinto-me: normal
música: Maroon 5 - Won't go home without you

2 comentários:

aqui estou eu a arranjar um tempinho e um pouquinho de tráfego para comentar o teu blog!!
tá a ficar fixe a história, sim senhora..estás lá!
bjinhos, continua
pessoa que desabafa a 9 de Novembro de 2009 às 22:18
Obrigado Mi (:
Beijinhos : D
Mariana* a 4 de Janeiro de 2010 às 14:36

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